ACRO na FOX Sports – Red Bull Air Race

Durante a manhã de domingo do dia 16 de junho de 2019, o presidente da Associação Brasileira de Acrobacia Aérea, Jorge Rodrigues, esteve nos estúdios da FOX Sports na Barra da Tijuca no Rio de janeiro como comentarista da etapa de Kazan- Russia da Red Bull Air Race.

‘’Uma das tarefas mais difíceis de todos os tempos, falar ao vivo na tv. De fato sou aficionado pela RBAR desde meados de 2003 ano de sua criação, porém não estaria sentado no sofá em casa assistindo e estudando o comportamento de cada piloto, estaria em um estúdio falando isso para milhares de outros aficionados. Quando recebi o convite quase caí da cadeira, no começo achei que era trote, mas quando vi que era real só me veio em mente uma frase: Missão dada é missão cumprida, e lá fomos nós para o Rio! Smoke On and Rock and Roll’’ – Jorge Rodrigues

Folgas tem que ser bem planejadas para alguém que voa na linha aérea por não serem muitas, porém naquele final de semana a ACRO iria ter 2 eventos, um em São Paulo em Mogi Mirim e agora outro de última hora domingo na Barra da Tijuca. E agora como estar em 2 lugares tão distantes? Quem acompanha as ‘’missões ACRO’’ de perto, sabem que isto é praticamente normal! Aqui trabalha-se muito!

Domingo cedo pouco antes do horário marcado Jorge chegou no estúdio da FOX, foi muito bem recebido, e ele nos conta como foi essa experiência.

Murilo: Como você foi parar no meio da narração da Red Bull Air Race?

Jorge: Meu amigo, estava indo para Mogi no sábado quando recebi o convite para participar como comentarista da RBAR no domingo, só que depois foi falado que seria no Rio, dai já comecei a olhar para o relógio e a fazer contas, seria mais um final de semana com pouco sono e muito agito, comum entre as missões ACRO, rs

Murilo: Mas e aí você conseguiu chegar a tempo?

Jorge: Sim, participei sábado do Experimental Day, porém segui correndo para o Rio à tarde para conseguir chegar a tempo da transmissão, cheguei bem antes, só não me pergunte se tive tempo para descansar neste meio tempo, rs

Murilo: E como foi lá?

Jorge: Meu amigo, muita emoção, lugar bacana, cheio de tecnologia ‘’embarcada’’ no prédio, pessoal muito legal e receptivo, lugar grande, diversas cabines de gravação, escalas de transmissão para cada uma, alguns apresentadores conhecidos passando de lá para cá nos corredores e eu lá no meio. 

Logo fui apresentado à minha cabine de transmissão, como cheguei bem antes pedi para deixar ligado o telão para assistir o round of 14, assim eu teria melhor consciência situacional na hora da transmissão que seria a partir do round of 8 em diante.

Durante a viagem até lá eu fui estudando as regras que foram divulgadas durante a semana pelo Jim Dimateo, juiz da RBAR, algumas modificações nas aeronaves permitidas da temporada pelo Jim ‘’Jimbo’’ que é o Diretor Técnico, o Qualifying de sexta feira apostando que o Mika iria fazer uma bela etapa pois virou em 01:01 batendo o recorde do track e surpreso pelo incidente do Dolderer que trincou a winglet, até aí não sabia se tinha rolado um desqualification ou não, e o traçado voado e narrado pelo Steve Jones.

Dai as dúvidas ia tirando com os ‘’universitários’’ no whatsapp, a galera da ACRO ajudou muito nesta hora queria ter agradecido a todos ao vivo mas não deu tempo, foi mal galera! 

Bem, esperei alguns minutos e lá veio o pessoal, achei que um deles era o narrador, mas eram os técnicos de som, recebi um briefing rápido de como operar a mesa de som, microfone e fones de ouvido, porém tinha pouco menos de 3 minutos para decorar isto e não apertar botão errado ao vivo, ai de mim se o fizesse, rs.

Para minha surpresa o narrador estaria nos estúdios da FOX Sports em São Paulo, eu estaria sozinho ali naquela cabine de transmissão. Aumentou o nível de dificuldade da missão, pois eu teria que imaginar quando ele iria parar de falar para eu poder comentar sem atrapalhá-lo. E não apertar nenhum botão errado, rs.

O narrador seria Rodrigo Cascino, poucos minutos antes do início da transmissão pude conversar com ele, me apresentar e coordenar alguns detalhes de como seria a etapa e nossa sincronização durante o evento. Acredite, ao vivo tentei fazer o máximo possível como se já o conhecesse há séculos, rs. Foi muito legal isso! Ele era gente fina pacas! Quem sabe algum dia não possa conhecê-lo pessoalmente!

Pois bem, a etapa transcorreu emocionante, para minha surpresa o chileno Christian Bolton conseguiu passar para o round of 8, fiquei triste de o Goulian não ter ido tão bem pois lá no time trabalha o amigo Pablo Castello Branco. O Kirby também não teve muita sorte, lembro de ter mencionado o Paulo Iscold também no hall de brasileiros que atuam na RBAR.

A expressão de vitória ou derrota começa a ficar bem nítida nas transmissões onboard, é engraçado pois você passa a se sentir ‘’dentro da competição’’ e começa a prestar atenção em como isto está influenciando nos tempos de cada um e nos erros, correções e acertos. Tudo é no detalhe meu amigo! Não acreditei quando o Mika Brageot saiu, baita tempo na qualificação, porém pelo rádio ao anunciar penalidade era só abrir as janelinhas de ar laterais e esfriar a cabeça pois essa não deu!

Alguns lembretes e ensinamentos sempre nos diziam que a busca do melhor traçado se daria variando o menos possível de sua altura dentro da margem vermelha do pylon, Dolderer que o diga, rs, voar o mais próximo dos pylons sem arrancá-los com a asa, muito menos com a fuselagem, nada de penalidades caro Às, atenção nas asas niveladas com tolerância em 10 graus e no vôo de faca. No meio oito cubano, (sim eu sei, fiquei devendo de falar de onde surgiu este ‘’cubano’’, fica para uma próxima oportunidade, rs) o segredo estaria em não cruzar mais do que 200 metros de altura em uma puxada não maior do que 10.99G e o detalhe: alongar o máximo possível o trajeto descendente nivelando o mais próximo do gate, isto lhe garantiria uma maior aceleração e melhor conservação da sua energia para o ultimo terço do track. Claro, bem fácil de se lembrar disto estando a 200kt e a 20 metros do chão, aliás da água, sofrendo em torno de 10G´s, rs.

Pois bem, o telespectador ia vendo as diferenças entre os competidores pelo efeito ‘’ghost comparison’’ fornecido pela RBAR, onde 2 aeronaves faziam o trajeto simultaneamente.

Sobre as aeronaves, algumas regras lembradas pelo cara de barba ruiva incomum, Mr Jimbo: mesma motorização, mesmo peso, porém mudanças aerodinâmicas permitidas, aí era só o telespectador em casa observar os pontos principais como pontas de asa, entradas de ar, bolha do canopy, isso certamente os mais aficionados já sabem de cor e salteado!

Em resumo, o Yoshi levou mais uma! Agora são 2 troféus restando 2 corridas e a última em casa no Japão em Chiba. Façam suas apostas porque eu já tenho meu palpite!

Espero que os telespectadores tenham curtido! Recebi uma chuva de whatsapp dos amigos que reconheceram minha voz, fiquei muito feliz, espero ter podido representá-los, pois sei que muitos deles são tão ou mais aficionados nisto do que eu! Claro, desculpem alguma coisa! Mais um aprendizado e mais uma história para contar. Vamos que vamos! Só tenho a agradecer pela oportunidade, jamais será esquecida! Smoke on!

Murilo: Muito obrigado pela entrevista, feito único aqui na Associação, senão o pioneiro em transmissões ao vivo na RBAR!

A Associação Brasileira de Acrobacia Aérea agradece pela oportunidade e a todo apoio do pessoal da FOX Sports.

Por Murilo Rovina